quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Carta feita de nada




















(Henri Cartier Bresson)


Acordei com vontade de ti.
Não sei porquê nem porque não, mas assolou-me uma necessidade enorme de pegar na caneta e escrever. Dizer tudo o que não consigo dizer cara a cara. Sou cobarde eu sei, mas é a minha forma de estar.

Passaram 3 meses desde que nos conhecemos, foi um encontro estranho o nosso, os olhos cruzaram as vontades e nasceu o desejo no canto da boca, na ponta dos dedos, no tremor de dois corpos que se fundiram em suor.

Foi em espiral de ausência de sonhos ou expectativas que crescemos juntos, tu e eu. E foi assim que cheguei perto do precipício, a loucura de te querer sem te ter, num remoinho de emoções confusas, sem nexo.

Nos últimos tempos deixei de ter sede, passei apenas a beber da vida, foi o que me deste de ti, nada mais, um corpo sem alma, desejo sem paixão.

Tenho-te longe, mas basta uma palavra para me acordar do torpor em que me deixas, quando te vejo fugir por entre a noite no meio do fumo de um cigarro, e mais outro. Passa a noite devagar, até ao dia em que voltas ao meu colo, e te embrenhas neste corpo que fizeste teu, sem pedires.

Não te quero mais.
Não sei porquê nem porque não, mas assolou-me uma necessidade enorme de pegar na caneta e escrever-te. Dizer-te tudo o que não tenho conseguido dizer cara a cara. Sou cobarde eu sei, mas é a minha forma de estar.

Não quero continuar a viver ao sabor dos teus caprichos, quero querer mais. Preciso de me consumir em paixão, e não de ser consumida por pensamentos, quero amar e agarrar as asas dos meus sonhos para voar até onde eles me levarem, correntes que me prendam.

2 comentários:

Rafeiro Perfumado disse...

Apenas um detalhe: quando agarramos nas asas de algo a tendência é para esse algo ficar impedido de voar, sendo o chão duro um destino muito provável... ;)

Em todo o caso, belo bocado de prosa. O raio da verificação das palavras é que era desnecessária...

Gata2000 disse...

Eu diria que estás lá! Não sei bem onde, mas estás lá, talvez no meu caderninho castanho, já que na lista negra ficam aqueles que realmente não gosto. Tu...bem, detesto criticas, ainda que positivas, mas uma vez que foi a primeira (espero que de muitas, por esta passa.
Adoro o teu blog e é uma honra teres vindo visitar aqui o meu cantinho, além do mais tens de me dar desconto que sou nova nestas andanças!