quarta-feira, 15 de abril de 2009

Felicidade

(Fonte da Telha - Março 2009)

Muitas vezes as nossas vidas são pautadas por desejos de posse, queremos tudo o que não temos, mas que achamos nos faria mais felizes se tivéssemos;
Traçamos objectivos de vida baseados em histórias que lemos em livros, ou em argumentos de filmes de Hollywood, sem a mínima noção de que a realidade é bem diferente da ficção, mas se aquelas personagens foram felizes, nós também o seremos;
Limitamos a nossa personalidade ao que os outros esperam de nós, optamos por viver de aparências, pensando que sermos mais felizes se formos a cópia exacta do que está do outro lado do espelho daqueles que connosco se cruzam na vida embora sem terem uma real importância.
Não há nada como um “acorda para a vida” para nos lembrarmos de que temos tudo o que precisamos para sermos felizes e, no entanto, damos tão pouca importância à felicidade que conquistamos todos os dias, preferindo partir em busca do que entendemos ser necessário para atingir um ideal imposto pela sociedade que nos rodeia, e que bem vistas as coisas, pode até nem ser o nosso.
Será realmente preciso termos 86-60-86, as medidas perfeitas para poder ser modelo na passerelle, para nos sentirmos bem connosco e com o nosso corpo, será realmente necessário embarcar em dietas castradoras e por vezes mutiladoras do nosso bem estar físico para que ao olhar no espelho possamos gostar de nós próprios como somos?
É claro que sou a favor que possamos naturalmente combater a celulite, ou as gorduras que nos incomodam de uma forma saudável, com alimentação correcta e exercício físico, mas sem que isso seja por imposição de uma sociedade que elege a mulher como um símbolo de perfeição apenas conseguida através do Photoshop, apenas porque nos queremos sentir melhor, mais bonitas.
Trabalhar é preciso, se for feito com prazer melhor, mas detesto a imposição permanente de que a nossa vida pessoal sai beneficiada se tivermos uma carreira perfeita, há quem nunca se contente com o reconhecimento que lhe é atribuído, e haverá certamente sempre alguém a minar a ascensão desejada, será possível haver quem não queira uma carreira?
O amor-perfeito existe além da flor? Duas pessoas que partilham o mesmo espaço durante um período relativamente longo de tempo nunca terão divergências, desencontros. Ou será que é na luta constante pelo equilíbrio que se encontra a camaradagem, se dá lume à paixão, se mantém o respeito.
Tenho andado a matutar nestas questões, porque são demasiadas as vezes que dou por mim a pensar que embora continue numa incessante busca pela felicidade, e ainda assim me sinta muitas vezes infeliz, se pensar nas coisas e nas pessoas que são realmente importantes para mim, concluo que tenho tudo para ser feliz.
Trabalho, não me satisfaz mas ainda assim, quantos são os que se sacrificariam para como eu ter um emprego que embora não seja satisfatório cumpre o objectivo primordial que é o de pagar as contas no final do mês;
Amor, é um amor tranquilo o meu, que me apoia quando preciso, que me dá mimos quando me sinto em baixo, que me escuta e acarinha, de quem nunca ouvi uma palavra de recriminação, e de quem continuo a exigir sempre mais, além deste amor maior, tenho outros amores que me completam. Embora condicione e sufoque, não há como o amor de mãe para sentir a realização pessoal de ter contribuído para o milagre da vida; embora seja quase dependente, não há como o amor de uma mãe para nos sentirmos incondicionalmente amados, e embora com altos e baixos e algumas decepções pelo meio não há nada que se compare ao amor que nutrimos pelos nossos amigos, aqueles que estão para nós nas melhores e nas piores alturas. E o amor-próprio, a auto confiança, sentimentos fundamentais para que possamos levar a vida para a frente, a coragem de nos levantarmos depois de cairmos e assim encontrar em nós a verdadeira felicidade.


7 comentários:

TM disse...

Talvez o segredo resida em conseguir ser feliz com os pequenos grandes milagres que temos...
Hoje dizia-me alguém que se tenho saúde, família e alguém que me ama não tenho porque me queixar... e depois dei por mim a pensar que para além disso tenho uma casa, um emprego, amigos e mais um mundo de outras coisas....
Como posso eu não ser feliz?

Gata2000 disse...

TM - Nem mais! E a vida poderia ser tão mais simples se tivessemos isso sempre presente!

Toze disse...

Tenho uma certa dificuldade em falar dessa coisa da "Felicidade" Hoje, não sei bem o que é. Uma coisa tenho por certo, só se ama uma vez na vida da mesma forma que só se tem um coração. Um coração divide-se em duas partes, uma que ama e outra parte que gosta. Quando se ama tem-se a felicidade, quando se gosta tem-se a alegria dos momentos. É uma aprendizagem.
Isto no que toca a pessoas.

Acho que vou ficar por aqui, senão nunca mais me calo, e ninguém me vai entender como é hábito :)

Mas tu tens Felicidade estampada no teu outro blog, não podes negar!

Até já

Toze disse...

E sempre que estivermos com a "telha" nada melhor do que olhar para a "fonte"

;)

Gata2000 disse...

Toze - Sim tenho a fonte em casa, e varias outras fontes que por vezes por serem tão simples são dificeis de reconhecer. O caminho é que está a ser dificil, mas ele está lá para eu o trilhar.Beijos e miaus.

PS: Aqui podes escrever até te doerem os dedos que eu deixo, o blog é meu e os meus AMIGOS fazem o que bem entenderem nele, escreve que eu leio-te!

Cem disse...

e como eu gosto de te ler assim...

:))

Gata2000 disse...

Cem - Minha querida, tanta meditação tinha de acabar por dar frutos, não? LOL