quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Carta de ódio a um amante



Hoje voltei a procurar-te.

Sabes o quanto te odeio por te procurar? Por teres ainda todo esse poder sobre mim, passados ... quantos anos mesmo? 5, 6? Uma eternidade que parece nunca mais terminar.

Detesto saber que me consegues fazer sentir eu, que me conseguiste despir e deixar indefesa no mundo, depois de ti nunca mais nada esteve no seu sítio, nem eu que te seguia para onde me querias, bastava um telefonema, nem as minhas ideias, que se baralharam de tal forma que eu deixei de ter consciência de quem era.

Sabes quantas vezes pensei em esperar-te à porta, rezando para que chovesse, não que goste de chuva, mas tu sabes que não gosto que me vejam chorar.

Lembras-te as noites que partilhamos, em casa da tua irmã em Paço de Arcos, no teu estúdio no Estoril, daquelas férias em Albufeira, das visitas roubadas a Santa Cruz, no meu quarto em Carnaxide, no teu carro em Carcavelos.

Odeio-te porque sei o bem que me fazes sentir, faço me mulher nas tuas mãos, na tua língua, no teu corpo. Consegues sempre, não sei se por medo se por despojo, levar-me ao orgasmo.
Aliás, haverá mais alguma coisa além do sexo entre nós?
Sim já me esquecia, as traições, as humilhações, o desespero, a falta de respeito e de amor próprio, curioso, contigo perdi tudo o resto, mas ganhei em desejo, em êxtase.

Um dia disse-te, que se o mundo acabasse gostava de acabá-lo ao teu lado, enganei-te.
Um dia pensei, que sem ti nunca mais seria feliz, enganei-me.

Hoje voltei a procurar-te, ainda bem que não te encontrei. Encontrei a Mariana, e a tua irmã, sei que voltaram para casa. O Afonso e o Carlos parece que nunca de lá saíram, e encontrei o teu pai, pelas suas viagens entre cá e lá e mundo fora.

Sabes o quanto te amo ainda, que não me descolas da pele, e ainda assim sabes o quanto te odeio por te querer encontrar, e por te voltar a procurar?

Foi sempre assim, um desencontro de vidas, uns encontros de amantes.
Vou procurar-te mais um pouco, talvez não te volte a encontrar.

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