segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Vender ou não a alma ao diabo, eis a questão?


Na sexta feira fui ver o Faust no Teatro São Carlos.

No decorrer do intervalo comentava um grupo de melómanos entusiasmados que não haveria grande problema em vender a alma ao diabo porque essa talvez fosse uma forma de se passar pelo mundo com uma maior qualidade de vida, porque na realidade, no after-life estaremos... MORTOS, independentemente de estarmos no céu ou no inferno.

Eu sempre tive para mim que o céu é o lugar onde moram os anjinhos, e é uma verdade incontestável que estes não têm sexo. Ora lugar onde não haja sexo, é certamente muito aborrecido, logo a possibilidade de passar a eternidade no céu, é aterradora.
Pus-me então a pensar, por que razão haveria eu de vender a alma ao diabo?
Fausto vendeu-a pela juventude, eu no "esplendor" dos meus 34 gostava já de ter pelo menos uns 10 anos a menos, porque era uma forma de prolongar a minha estadia, porque apesar de tudo gosto de cá andar.

Mas Mefistófeles sugeriu outras aspirações, bem capazes de corromper o espírito humano: riqueza; glória; poder.

A glória faz falta a quem tem vontade de se mostrar, eu sempre apreciei mais a penumbra do que verdadeiramente as luzes da ribalta, o que assim sendo, não seria suficiente para me vender.

Confesso que o poder me atrai, mas se me perscrutar com atenção, acho que ainda mais forte do que a sede de poder em mim é a vontade de riqueza que me faria trair convicções. O poder viria certamente de seguida, e até quem sabe, a glória e a juventude acabariam também por se me juntar na viagem.

No entanto, a questão central é eterna, seria eu mais feliz por ter riqueza, gloria, poder ou juventude?

O facto é que Fausto, embora jovem e capaz de conquistar os favores de Margarida, não ficou mais feliz, acabou mesmo por pesar sobre ele a morte da amante e do filho. A pergunta que fica no ar é: sem alma, haverá consciência?

Eu, por exemplo, tenho um grave problema com a minha consciência, não raras as vezes a escuto, o que significa que se ela existir para além da alma, eu nunca seria capaz - ainda que sem alma - de traia a minha consciência.

Conclusão: o sacana do satanás comigo não se safava, nem eu...porque nunca vou ficar rica!


Sympathy for the Devil (Neptunes RMX) - The Rolling Stones

Sem comentários: