sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Pecados
























Se hà dias em que me sinto invadida por vontades, hoje é um deles.

Apetecia-me poder pegar num dos cigarros que deixei em cima da mesa de cabeceira há 6 meses atrás, e fumá-lo, sentir-me invadir pelo torpor de um fumo dançante, que me percorre o corpo como um amanet fortuito.

Tirar prazer da vida num copo de vinho tinto, italiano encorpado e morno, num qualquer lugar escuro, onde os rostos não contam, apenas se adivinham por detrás do calor dos contornos e dos vultos dos muitos corpos que por ali languidamente se arrastam.

Queria então cruzar o meu olhar com o teu, ainda que desconhecido, porque de outra forma haverá sempre razões. Sem palavras pegar-te pela mãos e levar-te para dentro de mim, sem pensar que amanhã será um novo dia, e que tu terás já deixado os lençois amassados muito antes de eu abrir os olhos e perceber que não passaste de um sonho, uma loucura ou um pecado, mas ter-te no cheiro da pele.

Se há dias em que me apetece esquecer o mundo e desistir de o viver, hoje é um deles.

Mas sei que haverá sempre o encontro das nossas almas, e que os teus braços me vão dar o aconchego final e que me vais sussurar ao ouvido que tudo passa, e que a vida nem sempre será assim, feita de vontades por cumprir, e que o nosso dia chegará, e que vou adormecer enquanto me dizes que me amas.

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