domingo, 24 de abril de 2011

Livro do Mês

Os Pilares da Terra - Ken Follett



" Ela chegou à clareira vinda de oriente, vestida com um manto de Inverno comprido de lã crua, quase branca. Ele viu-a aproximar-se sem surpresa nem curiosidade. Já estava fora do alcance do espanto e do medo. Fitou-a com o mesmo olhar sombrio, vazio de emoção com que presenteara os troncos maciços dos carvalhos à sua volta. O seu rosto oval era emoldurado por uma cabeleira espessa e escura, e o manto chegava-lhe aos pés, causando a impressão de que deslizava sobre as folhas caídas. Parou mesmo diante dele, e foi como se os seus olhos dourados e pálidos lhe penetrassem na alma e compreendessem a sua dor. Parecia-lhe familiar, como se tivesse visto uma representação daquele mesmo anjo nalgumas das igrejas em que estivera recentemente. Em seguida abriu o manto. Por debaixo estava nua. Tinha o corpo duma mulher terrena com vinte e poucos anos de idade, de pele clara e mamilos rosados. Tom sempre presumira que os corpos dos anjos seriam imaculadamente glabros, mas aquele não era.
Ela apoiou-se à sua frente num joelho, junto ao carvalho onde ele se achava sentado de pernas cruzadas. Debruçando-se sobre ele, beijou-o na boca. Tom estava ainda demasiado aturdido devido aos abalos anteriores para se deixara surpreender. Ela empurrou-o delicadamente para trás até ele ficar estendido no solo, em seguida abriu o manto e deitou-se por cima dele com o seu corpo despido a comprimir-se contra o seu. Tom sentiu o calor do corpo do anjo através da camisa. Não tardou a que parasse de tremer.
Ela tomou o seu rosto barbudo entre as mãos e tornou a beijá-lo, com sofreguidão, como alguém que bebe água fresca ao fim dum dia longo e seco. Passado um instante, fez deslizar as mãos pelos braços dele até aos pulsos, em seguida levou-lhe as mãos aos seios. Ele agarrou-os instintivamente. Eram macios e flexíveis, e os mamilos dilataram-se ao toque das pontas dos seus dedos.
Do fundo da sua mente, brotou a ideia de que talvez estivesse morto. Não era assim que o céu era descrito, ele sabia, mas pouco se importava. Havia horas que as suas faculdades críticas o tinham abandonado. A pouca capacidade que lhe restava para pensar de forma racional desapareceu, e permitiu que o seu corpo assumisse o controlo. Esforçou-se por se levantar, empurrando o corpo contra o dela, indo buscar forças ao seu calor e à sua nudez. Ela abriu os lábios e enfiou-lhe a língua dentro da boca, à procura da sua língua, e ele respondeu-lhe avidamente.
Afastou-se ligeiramente, erguendo o corpo acima do dele. Tom ficou a vê-la, deslumbrado, à medida que ela lhe puxava para cima a camisa até ficar enrolada na cintura, e em seguida se sentava de pernas abertas em cima das suas ancas. Ela olhou-o nos olhos, um olhar omnividente, enquanto se baixava para cima dele. Houve um momento tantalizante em que os corpos de ambos se tocaram e ela hesitou; depois ele sentiu-se a penetrar nela. A sensação era tão excitante que receou explodir de prazer. Movimentou as ancas, sorrindo-lhe e beijando-lhe o rosto.
Daí a pouco, ela fechou os olhos e começou a ofegar, e Tom percebeu que ela estava a perder o controlo. Observou-a, perdido num fascínio deleitado. Ela começou a soltar leves gemidos ritmados, movimentando-se cada vez mais depressa, e o seu êxtase transportou Tom até às profundezas da sua alma amargurada, de tal forma que já não sabia se lhe apetecia chorar de desespero, se gritar de alegria, se abandonar-se a um riso histérico; e então uma explosão de prazer fê-los estremecer a ambos como árvores fustigadas pelo vento, uma vez e outra, e outra ainda; até que por fim a paixão amainou e ela se deixou prostrar em cima do seu peito."

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