Foi num dia frio de Janeiro de 2006 que recebi este email , olhei para as fotos e apaixonei-me pela menina de barba, peito e unhas brancas, olho azul e corpinho de chocolate. Aquele olhar triste tocou-me tão fundo que não consegui resistir-lhe, soube que estava no canil de Torres Vedras e fui buscá-la antes que fosse tarde demais, os noticiários avisavam possibilidade de neve em Lisboa, coisa inédita para mim, vagas de frio que certamente poriam em risco a saúde de uma boneca tão frágil, não esperei mais.
Estávamos no dia 28 de Janeiro era sábado, estava muito frio, e a impessoalidade de um canil não tornava nada mais fácil, corredores de gaiolas onde se encontravam vários cães, uns mais novos, outros mais velhos, uns já habituados à falta de carinho, que por mais que se esforce quem por carolice e amor se dedica a tornar menos penosa a vida de animais que foram abandonados, maltratados por pessoas a quem já não serviam ou que se entretiveram a descarregar neles a sua própria miséria e mau carácter.
Há coisas que me entristecem e me ferem, não compreendo como se possa mal tratar os mais indefesos, revolta-me saber que a maldade humana se torna refinada com velhos, crianças, mulheres, homens, animais, todos quantos perante alguém não se defendem, ou defendendo serão sempre mais fracos. Cortou-me o coração o pouco tempo em que estive no canil, as histórias que ouvi, chorei o tempo todo até ter encontrado a Puska, uma pequena bolinha de chocolate que se enrolou nos meus braços para nunca mais deles sair.
Tinha cerca de 2 meses quando chegou a casa, conquistou-nos com os seus pulos malabaristas, com a sua esperteza para nos conseguir “sacar” mimos, com as suas maldades de cada vez que se sente só, com a carência com que se enrola nas nossas pernas e quer sempre mais, mais festas, mais beijos, mais atenção, tanto que lhe atribui o cognome de “o meu miminho”.
Hoje passados 3 anos não imagino a minha vida sem ela, embora lhe grite sempre que ela faz xixi na cozinha e a ponha de castigo porque se portou mal, não imagino o que seria acordar sem ouvir as suas patas dirigirem-se ao quarto do Alexandre de pois de ele a chamar:”Ó lindinha!”, nem a correria atrás daqueles seus bonecos vergonhosamente amassados de tanta brincadeira, ou os ataques de beijos que ela dá ao dono e a quem se senta no sofá.
Ou como fica contente quando vai passear e a cauda mais parece um chicote a bater-nos nas pernas, e como fica sossegadinha quando o Xani tenta encavalitar-se nela e lhe puxa as orelhas e os bigodes, e quando se sentam os dois em cima do sofá a ver o Panda, encostados um no outro ela muito direita, ele debruçado sobre ela a fazer-lhe festas no lombo.
Se há atitude da qual me orgulho de ter tido, é de ter ido buscar a minha menina!
21 comentários:
Com esse olhar, é impossível não sentir um amor instantâneo!
Cris - E por email, realmente depois da revolução da autoestrada virtual a vida nunca mais será igual!
Podes crer que não.
Mudam-se as formas de fazer chegar a informação às pessoas que fazem questão de mudar o mundo pelo menos um cadinho.
A cadela é uma ternura, acho que eu teria chorado baba e ranho lá no canil.
Credo!
Cris - acredito que sim, eu chorei, mas...eu não posso ver um pombo coxo - e olha que não sou apologista de pombos, mas o que queres, dá-me para o sentimento!
Yuammmie!
Adoro cachorros quentes!
Mais uma coisa que nos une.
Também fui buscar o meu para o livrar de uma morte certa.
Também me sinto contente comigo própria.
beijokas
Um bom post.
Brisa fresca para os meus olhinhos.
Saudades do meu Bóris. Também veio de canil, mas já tinha cerca de ano e meio... num boxer, é uma eternidade. Magro que se viam os ossos todos. Tão carente que subia para o colo de todos (estivessemos sentados onde estivessemos). Tão fraco que tivemos de andar a dar-lhe primeiro pão, depois nestum... leite... até ter força para comer normalmente.
E aprender a passeá-lo? :)
tantas vezes arrastada... tantas.
Saudades do Bóris.
Um bom post
:)
Tankiu.
Eles não falam... na maior parte do tempo parece que só fazem asneiras... mas depois olham para nós e como poderiamos nós querer resistir...
A Puska é realmente um mimo... :)
Oh que lindinha!
:))
A minha cocker tb a fui buscar ao canil
de Torres!!
:)
Estava a deixar-se ir pela tristeza e ainda recordo os primeiros dias cá em casa quenem sequer queria comer, só mesmo miminhos. Ao fim do 2º dia lá comeu, ervilhas! (a gaja devia ser vegetariana e ninguém me avisou!)
Hoje faz parte da familia e nem a companhia dela dispensamos nas férias!
Parabéns!
ela é linda e tu mais ainda!
Vitor - Tu gostas dela porque te subiu para o colo e te lambeu as orelhas, e eu sei que tu não resistes a que te lambam as orelhas!
BlueVelvet - É um sentimento de dever cumprido, depois conjugado com aqueles mimos todos, é uma bela forma de se terminar o dia!
Me - Sim ficam muitas saudades depois de eles partirem, sentimento que já partilhamos noutro post, um teu!Mas sabes o que te digo miuda...ele há por aí muitos boxers à espera de um colo!
TM - Mesmo que quisesse resistir-lhe não conseguia. Há dias em que me descontrolo e acabo a escarregar nela, grito-lhe e digo-lhe que estou farta dela e que se ela não se começa a portar bem volta para o canil. Ela encolhe-se toda, e treme como varas verdes a pobre. E lá vou eu com vontade de engolir as palavras agarrar-me a ela e dizer-lhe que me desculpe porque sou uma tonta e aquilo foi só da boca para fora. Pois é mal educada, mas não a consigo ver ali com ar de quem vai ter um ataque cardiaco só porque estou a ralhar com ela.
Cem - A puska, nas férias tem mimos a dobrar, o meu avô tem casa em santa cruz e ela vai com ele e com a minha mãe a banhos a santa cruz. Fins de semana em casa dos "avós" é uma coisa que lhe faz empinar as orelhas, até vem de lá mais gorda e tudo!
pois há... boxers e não só. mas nunca faria a maldade de ter um num apartamento.
passo demasiado tempo fora de casa... não tenho coragem de fazer isso.
o bóris residia no quintal da casa dos meus pais. ele e os buracos que ia fazendo...
mas, quando for grande e tiver uma casa como deve ser, ai vou ter boxers vou. Vou.
:)
Desculpa gata!
OH ME!
Tu quando fores grande queres ter boxers...
E não achas que isso pode afectar a tua feminilidade!
Me - A Puska está num apartamento com 140m2, é um facto que ela passa muito tempo sozinha, que não come antes de nós chegarmos a casa, é aliás a segunda coisa que ela faz quando alguém chega, a primeira é ir cumprimentar-nos efusivamente. Eu sempre que posso vou visitá-la à hora de almoço, embora isso aconteça cada vez menos, por falta de tempo, por falta de vontade e às vezes por falta de dinheiro, mas...ainda assim estou convencida que ela está melhor connosco do que estaria no canil, caso tivesse resistido aos invernos rigorosos a que nos começamos a habituar.
Vítaro,
Eu já sabia que bastava falar de coisas semi-parecidas ou algo referentes às partes fodengas que tu vinhas logo aos saltos e aos pulos saber o que se passava...
Por acaso, e já que estamos numa de dissecar a coisa, quando escrevi a frase, pensei "ahhh... ainda levam isto para outro lado... mas, mesmo que levem, os boxers não seriam meus... por isso... ehh! que se lixe!" e deixei a palavrita como estava.
Eu devia saber que o teu faro, tal como muitos, vai logo para o "colo".
Pffffff... Boxers pra mim!
:P
Gata2000,
Eu sei... mas... imagina: para quem pratica horários de chegar a casa às 10 e 11 da noite... não há passeio para aliviar bexiga que aguente.
Prefiro esperar e depois, com espaço, ter os que puder. O ideal seria ter tanto espaço que iria ter que aprender a assobiar para os chamar...
;)
Vitor -xô. O que tu tens é inveja, da minha puska e dos boxers da Me. Sim imagina que os boxers da Me falavam!
Oh! Eu sou como tu: nem um pombo coxo posso ver! ;]
O texto está lindo pelo sentimento que mostras e por te mostrares tão humana. Juro que já estava com a lágrima ao canto do olho. É o amor que me faz isto!
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