Como se engasgar e ficar sem fala enquanto se bebe um galão e se mastiga um pão de deus torrado com manteiga:
Eu: Então de quanto tempo está esse bébé? - pergunto eu de sorriso rasgado.
Colega: O bébé já nasceu hà 7 meses. - responde-me ela de sobrolho franzido.
Pensamento do dia: nunca mais correr o risco de chamar gorda a alguém sem querer, não voltar a comentar as barrigas giras que as grávidas fazem, elas podem não ser grávidas, apenas barrigudas!
sexta-feira, 31 de outubro de 2008
Noddy
Começo a ter grande dificuldade em deixar o meu filho de 2 anos ver o Noddy, isto porque tenho sérias dúvidas sobre a sua idoneidade.
Como é possível o sacana com o ordenado de taxista ter carro, casa, avião... E já agora, alguém alguma vez viu o cabrão a trabalhar?? Eu não!!
Será que a Cidade dos Brinquedos, fica na Suiça e o Noddy é o tão falado sobrinho do autarca de Oeiras, Isaltino Morais??
Como é possível o sacana com o ordenado de taxista ter carro, casa, avião... E já agora, alguém alguma vez viu o cabrão a trabalhar?? Eu não!!
Será que a Cidade dos Brinquedos, fica na Suiça e o Noddy é o tão falado sobrinho do autarca de Oeiras, Isaltino Morais??
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
Será que a poesia imita a vida, ou o contrário?
Ontem embrulhei-te em mim
Entrámos juntos na madrugada, tu e eu.
O teu cheiro bailava-me nas narinas
Mel e jasmim, perfume de inocência
O teu calor queimando-me a pele.
Abandonado em mim, dormias.
E eu chorava, por te ter tão perto
Tão completamente meu
Vulneravel em toda a tua força
Senti que por ti, seria capaz de lutar contra o mundo
E vencer a batalha.
terça-feira, 28 de outubro de 2008
Notícias interessantes
Ultimamente tenho sido tudo menos uma pessoa atenta. Cansei de ver notícias, debates, não quero andar actualizada, quero desconhecer o porquê da crise do sub prime, não quero saber porque precisam os bancos portugueses de um empréstimo meu/nosso (contribuintes) de 20 milhões de euros, não me interessa que parte da dívida coberta pelo governo dos Estados Unidos à AIG tenha sida utilizada no pagamento dos salários e prémios mais que milionários que os seus (maus) gestores recebem.
Há um sentimento de impunidade que me incomoda, uma falta de valores è escala mundial que me poria a cofiar a cabeça, se eu me desse a tanto trabalho, por isso, esta que antes era capaz de esgrimir grandes e acertados argumentos sobre tudo o que era notícia nacional, internacional e inter galáctica se assim fosse o caminho da conversa tornou-se… uma gaja chata?
Não uma gaja mais dada as suas coisas, aos seus botões. Para quê preocupar-me em saber em como vai o mundo se o cabrão não quer saber de mim para nada. E assim tenho andado, a fazer pesquisas até interessantes, mas que não fazem noticia, quando se me deparo com a notícia que me abalou.
Penso que depois do dia de hoje, ou melhor depois do dia das bruxas, nunca nada será como antes.
Estava embrenhada com os meus pensamentos enquanto folheava uma revista procurando saber o que os astros me reservavam para esta semana, (não que eu acredite em astros, mas também ninguém acredita em bruxas, pois não? )
O drama, o horror, o choque, tremo só de pensar no que li - as festas da playboy em casa de Hugh Hefner vão acabar, a partir de Novembro não haverá mais coelhinhas a passearem-se pela casa do senhor que mostrou muitas maminhas famosas (e outras tantas completamente desconhecidas) ao comum mortal.
Detesto extremistas, confesso que não gosto de machistas, feministas, racistas, sindicalistas, e outros que acabam em “istas”, mas que de momento não me recordo, e tenho quase a certeza de que a culpa deste fim do mundo como o conhecemos se deve aos activistas da defesa dos animais, estou apostada em dizer que estes fizeram inúmeras vigílias à porta da mansão, empunhando cartazes querendo acabar com a exploração das coelhas, parec que os estou a imaginar "Devolvam as coelhas à Pascoa" ou " Abaixo a exploração sexual das coelhinhas".
Mas dei-me ao trabalho de ler a notícia até ao fim e percebi que afinal a culpa é da crise, as festas vão acabar por... pasme-se, contenção de custos.
segunda-feira, 27 de outubro de 2008
A Crise
Sei que as variações do preço do petróleo me afectam quando o meu Ax não chega a sair nunca da reserva.
sexta-feira, 24 de outubro de 2008
Dissertações sobre absolutamente nada
Hoje não tenho nenhum texto na manga, nem tão pouco uma ideia sobre o que escrever, acho que se me esgotaram as ideias para os textos, deve ser por isso que fui para a área de ciências em vez de humanísticas.
Gosto de falar sobre pessoas, adoro pôr a mão cá dentro e tirar o que tenho de pior, expor-me como catarse, e como eu preciso de catarse nos últimos tempos.
Ando deprimida já vai para 2 anos, curioso, faz precisamente 2 anos que me aconteceu nascer o meu filho, deviam ter sido os melhores 2 anos da minha vida e ....
Agora ando a tentar saber quem sou, se a minha aura me é favorável, se as minhas energias estão equilibradas, se há alguma forma de poder controlar as emoções de forma positiva.
Há duas coisas que me acalmam desde que me conheço, uma igreja solitária e o mar, então decidi trazer o equipamento necessário para arrastar este belo corpinho de sereia até à beira mar para correr, sim que até os corpos das sereias depois dos 3o, já viram melhores dias.
Hoje vou tentar o mar, amanhã logo se vê se preciso de ir à igreja. Há uma de que gosto, não sou muito dada a coisas de religião, embora tenha sido educada num colégio religioso e faça as minhas ocasionais viagens a Fátima para pedir auxilio ou para acertar contas com a santa, que a bem dizer nunca me desiludiu. Já o mesmo não posso dizer do sacana do Santiago de Compostela, mas aqui a burra sempre ouviu dizer que "de Espanha, nem bom vento, nem bom casamento" mas na altura não acreditou.
Sim é verdade, desloquei-me a Compostela por alturas do jubileu,(ou terá sido do jacobeu, pouco importa) porque ouvi dizer que teríamos 100 anos de felicidade se fossemos em peregrinação a pé. Eu fui de carro e calculei que assim devia ter direito a uns 50 anitos, o que me era suficiente. Enganou-me o santo, será que devo voltar e cobrar?
Gosto de falar sobre pessoas, adoro pôr a mão cá dentro e tirar o que tenho de pior, expor-me como catarse, e como eu preciso de catarse nos últimos tempos.
Ando deprimida já vai para 2 anos, curioso, faz precisamente 2 anos que me aconteceu nascer o meu filho, deviam ter sido os melhores 2 anos da minha vida e ....
Agora ando a tentar saber quem sou, se a minha aura me é favorável, se as minhas energias estão equilibradas, se há alguma forma de poder controlar as emoções de forma positiva.
Há duas coisas que me acalmam desde que me conheço, uma igreja solitária e o mar, então decidi trazer o equipamento necessário para arrastar este belo corpinho de sereia até à beira mar para correr, sim que até os corpos das sereias depois dos 3o, já viram melhores dias.
Hoje vou tentar o mar, amanhã logo se vê se preciso de ir à igreja. Há uma de que gosto, não sou muito dada a coisas de religião, embora tenha sido educada num colégio religioso e faça as minhas ocasionais viagens a Fátima para pedir auxilio ou para acertar contas com a santa, que a bem dizer nunca me desiludiu. Já o mesmo não posso dizer do sacana do Santiago de Compostela, mas aqui a burra sempre ouviu dizer que "de Espanha, nem bom vento, nem bom casamento" mas na altura não acreditou.
Sim é verdade, desloquei-me a Compostela por alturas do jubileu,(ou terá sido do jacobeu, pouco importa) porque ouvi dizer que teríamos 100 anos de felicidade se fossemos em peregrinação a pé. Eu fui de carro e calculei que assim devia ter direito a uns 50 anitos, o que me era suficiente. Enganou-me o santo, será que devo voltar e cobrar?
quinta-feira, 23 de outubro de 2008
A teoria do silêncio
Este fim de semana conclui que o ruído incomoda, desconcentra, pode até levar-nos a cometer erros.
No sábado à noite fui ao teatro, ver um amigo meu em palco, achei hilariante a peça em que ele entrou, achei que ele estava muito bem - não sei há quanto tempo ele faz teatro, mas para mim foi a sua estreia e eu achei maravilhoso!
A peça era de Tchekhov, 2 actos de pura maldade burguesa, muito divertida nas suas intrigas e enganos.
No fim da peça encontrá-mo-nos e eu queixei-me do muito barulho que tinha a sala, ele havia crianças a chorar, mulheres histéricas a rir porque um senhor partiu a cadeira, telemóveis que tocavam aqui e ali, um sem fim de barulhos de fundo, que segundo o meu amigo o incomodaram, e segundo ele foram a razão para os seus (poucos) erros. Conclui: O silêncio compensa, no teatro.
No domingo convidaram-me para ir ver o Benfica-Penafiel no estádio da luz. Não sou adepta, aliás nem gosto muito de futebol, e quando gosto a minha equipa não é nenhuma das mencionadas. Mas o facto de me terem oferecido o jantar e o convívio com alguns dos amigos com que mais me identifico actualmente, fizeram-me sair de casa feliz por ir ver um jogo de futebol.
O jogo foi mau, muito mau. Muitos passes perdidos, muitas falhas nas passagens, pouca garra, pouca convicção. O que o futebol tem de pior é ver um jogo mau em que as equipas não mexem connosco, embora eu ache que uma vez que é um desporto de massas, quando estamos no meio de muitos benfiquistas acabamos por inconscientemente querer que a equipa dos nossos amigos ganhe, não por nós, mas por eles.
O jogo foi a um agonizante prolongamento e finalmente a penaltis. O barulho de 20 mil pessoas pode ser ensurdecedor quando é ao adversário que toca marcar, e estou cá em dizer que o único jogador que não marcou golo se deixou desconcentrar por lhe terem chamado nomes à mãe.
Vi um filme há uns anos atrás sobre um jogador de basebol, não me lembro do nome, só sei que o protagonista era o Kevin Costner, e que quando entrava em campo dizia qualquer coisa como: "Bloquear" e a sua concentração fazia com que deixasse de ouvir o que o rodeava, erigia sobre si uma barreira de silêncio para bater a bola.
Conclui: também no futebol as coisas correriam melhor se fosse um jogo de silêncios.
Na vida como no teatro e no futebol, há alturas em que o silêncio é tão bem vindo, pena que quando o temos não o saibamos apreciar, porque é precisamente quando perdemos algo que julgávamos garantido que este nos faz mais falta.
No sábado à noite fui ao teatro, ver um amigo meu em palco, achei hilariante a peça em que ele entrou, achei que ele estava muito bem - não sei há quanto tempo ele faz teatro, mas para mim foi a sua estreia e eu achei maravilhoso!
A peça era de Tchekhov, 2 actos de pura maldade burguesa, muito divertida nas suas intrigas e enganos.
No fim da peça encontrá-mo-nos e eu queixei-me do muito barulho que tinha a sala, ele havia crianças a chorar, mulheres histéricas a rir porque um senhor partiu a cadeira, telemóveis que tocavam aqui e ali, um sem fim de barulhos de fundo, que segundo o meu amigo o incomodaram, e segundo ele foram a razão para os seus (poucos) erros. Conclui: O silêncio compensa, no teatro.
No domingo convidaram-me para ir ver o Benfica-Penafiel no estádio da luz. Não sou adepta, aliás nem gosto muito de futebol, e quando gosto a minha equipa não é nenhuma das mencionadas. Mas o facto de me terem oferecido o jantar e o convívio com alguns dos amigos com que mais me identifico actualmente, fizeram-me sair de casa feliz por ir ver um jogo de futebol.
O jogo foi mau, muito mau. Muitos passes perdidos, muitas falhas nas passagens, pouca garra, pouca convicção. O que o futebol tem de pior é ver um jogo mau em que as equipas não mexem connosco, embora eu ache que uma vez que é um desporto de massas, quando estamos no meio de muitos benfiquistas acabamos por inconscientemente querer que a equipa dos nossos amigos ganhe, não por nós, mas por eles.
O jogo foi a um agonizante prolongamento e finalmente a penaltis. O barulho de 20 mil pessoas pode ser ensurdecedor quando é ao adversário que toca marcar, e estou cá em dizer que o único jogador que não marcou golo se deixou desconcentrar por lhe terem chamado nomes à mãe.
Vi um filme há uns anos atrás sobre um jogador de basebol, não me lembro do nome, só sei que o protagonista era o Kevin Costner, e que quando entrava em campo dizia qualquer coisa como: "Bloquear" e a sua concentração fazia com que deixasse de ouvir o que o rodeava, erigia sobre si uma barreira de silêncio para bater a bola.
Conclui: também no futebol as coisas correriam melhor se fosse um jogo de silêncios.
Na vida como no teatro e no futebol, há alturas em que o silêncio é tão bem vindo, pena que quando o temos não o saibamos apreciar, porque é precisamente quando perdemos algo que julgávamos garantido que este nos faz mais falta.
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
Só por hoje...
não me irritarei,
não me preocuparei,
sentirei gratidão por tudo,
ganharei a minha vida honestamente,
serei bondoso para com todos os seres.
não me preocuparei,
sentirei gratidão por tudo,
ganharei a minha vida honestamente,
serei bondoso para com todos os seres.
Crise de meia idade
Ela tem alturas da vida em que lhe apetece ser um mensageiro de luz, encontrar-se e ficar consciente de quem é na realidade. É então que lhe dá para se virar para o misticismo, quer tentar ficar mais perto de Deus, se é que Ele existe e tenha Ele a forma que tiver, ela gosta de acreditar que Ele tem a sua maior plenitude na Natureza, no mar, na terra, nas flores e nas árvores.
Então faz o que leu algures num livro, tenta ver todos os lados positivos da vida e acaba por concluir coisas tão tristes como o facto de não ter uma vida.
Tenho trabalho – Depois de 5 anos de um curso de economia que esgotou financeiramente os seus pais, depois de ter já sido responsável pela área financeira da empresa onde se encontra, mas arriscou ter um filho, quando voltou viu-se atirada para a recepção.
Tenho ordenado – Ganhava há 2 anos atrás cerca de 1.400 euros, era um ordenado que lhe permitia até ter algumas excentricidades, como ter mulher a dias, agora é uma recepcionista muito bem paga nos seus 900 euros, o restante foi-lhe retirado porque depois de ser mãe iria ter horário reduzido, logo não precisava de isenção de horário.
Tenho uma casa – 150 mil euros empatados numa casa que nunca será sua, daqui a 40 anos quando terminar a sua dívida ao banco, a casa não vai valer nem o valor do terreno e é até provável que seja o seguro a terminar os pagamentos, pois ela estará morta.
Tenho um marido – Depois de uns anos de convivência a dois as prioridades alteraram-se, deixaram de ser suficientes para se bastarem, deixaram de ser eles contra o mundo, passaram a estar quase sempre um contra o outro. Os seus objectivos deixaram de ser os “nossos”, passaram a ser os “meus” e os “teus”, afastaram-se, distanciaram-se tanto que por vezes ela chega a ter saudades dos olhos dele, nos dela.
Tenho amigos – Alguns não os vê desde que saiu da faculdade, outros desiludiram-na, traíram-na. Há uns poucos que se mantêm e até lhe mandam uns emails de vez em quando, esses são os bons, os presentes, aqueles com que ela sabe que pode contar, quanto mais não seja, do outro lado do monitor.
Na crises existenciais, em que repensamos os nossos objectivos de vida, em que pesamos as coisas boas que temos e as coisas a que por vezes damos pouco valor, apercebemo-nos que sobrevivemos quando podíamos ter tanto mais da vida, se tivéssemos a coragem de nos mudar e pensar em nós como sendo um grão de areia no Universo, que pode ser importante se encravar a engrenagem e tentar dar um novo alento à “nossa” vida, tentando assim atingir a felicidade.
Então faz o que leu algures num livro, tenta ver todos os lados positivos da vida e acaba por concluir coisas tão tristes como o facto de não ter uma vida.
Tenho trabalho – Depois de 5 anos de um curso de economia que esgotou financeiramente os seus pais, depois de ter já sido responsável pela área financeira da empresa onde se encontra, mas arriscou ter um filho, quando voltou viu-se atirada para a recepção.
Tenho ordenado – Ganhava há 2 anos atrás cerca de 1.400 euros, era um ordenado que lhe permitia até ter algumas excentricidades, como ter mulher a dias, agora é uma recepcionista muito bem paga nos seus 900 euros, o restante foi-lhe retirado porque depois de ser mãe iria ter horário reduzido, logo não precisava de isenção de horário.
Tenho uma casa – 150 mil euros empatados numa casa que nunca será sua, daqui a 40 anos quando terminar a sua dívida ao banco, a casa não vai valer nem o valor do terreno e é até provável que seja o seguro a terminar os pagamentos, pois ela estará morta.
Tenho um marido – Depois de uns anos de convivência a dois as prioridades alteraram-se, deixaram de ser suficientes para se bastarem, deixaram de ser eles contra o mundo, passaram a estar quase sempre um contra o outro. Os seus objectivos deixaram de ser os “nossos”, passaram a ser os “meus” e os “teus”, afastaram-se, distanciaram-se tanto que por vezes ela chega a ter saudades dos olhos dele, nos dela.
Tenho amigos – Alguns não os vê desde que saiu da faculdade, outros desiludiram-na, traíram-na. Há uns poucos que se mantêm e até lhe mandam uns emails de vez em quando, esses são os bons, os presentes, aqueles com que ela sabe que pode contar, quanto mais não seja, do outro lado do monitor.
Na crises existenciais, em que repensamos os nossos objectivos de vida, em que pesamos as coisas boas que temos e as coisas a que por vezes damos pouco valor, apercebemo-nos que sobrevivemos quando podíamos ter tanto mais da vida, se tivéssemos a coragem de nos mudar e pensar em nós como sendo um grão de areia no Universo, que pode ser importante se encravar a engrenagem e tentar dar um novo alento à “nossa” vida, tentando assim atingir a felicidade.
terça-feira, 21 de outubro de 2008
Porque tenho medo de não dizer….(4 de Maio de 2008)
Porque tenho medo de não dizer vezes suficientes que te amo, prefiro escrever.
Tenho pena de não ter o dom da palavra para te poder escrever um poema maravilhoso, traduzindo em lindas palavras o amor que me aquece a alma. Ou então de poder contar em prosa a história da minha vida, em que curiosamente, a protagonista sempre foste tu.
Espero que saibas que me sinto segura quando olho nos teus olhos e me vejo ao espelho. Que me aqueces o coração quando me apertas contra o peito e me afagas o cabelo. Que te invejo a força, queria ser como tu, mudar a vida dos outros e ainda conseguir chegar ao fim do dia com um sorriso nos lábios e uma palavra doce.
És a melhor mãe do mundo, porque me incentivaste a ser eu própria, porque me obrigaste a exceder as minhas capacidades, porque quiseste sempre o melhor para mim.
És a melhor mãe do mundo porque o teu amor sempre foi incondicional e sem contrapartidas, é esse o significado da palavra mãe, pelo menos para mim, amar sem querer nada em troca.
Moras no meu coração, e comove-me saber que te terei sempre aqui, serás sempre parte do meu passado, do meu presente e do meu futuro, porque és o meu farol, mesmo nas noites mais escuras consegues que encontre o meu rumo e por mais difícil que seja, dás-me ânimo para continuar.
Admiro esse teu sorriso largo e franco a que sempre me habituaste, essa tua alegria contagiante que a ninguém passa despercebida e o coração enorme que abraça o mundo.
Tenho pena de não ter o dom da palavra para te poder escrever o amor que tenho por ti, mas prometo que o farei de todas as formas que conheço, para que saibas sempre que te amo, que te amo com todas as forças, que te amo sem mas, nem porquês, porque simplesmente sou tua.
Tenho pena de não ter o dom da palavra para te poder escrever um poema maravilhoso, traduzindo em lindas palavras o amor que me aquece a alma. Ou então de poder contar em prosa a história da minha vida, em que curiosamente, a protagonista sempre foste tu.
Espero que saibas que me sinto segura quando olho nos teus olhos e me vejo ao espelho. Que me aqueces o coração quando me apertas contra o peito e me afagas o cabelo. Que te invejo a força, queria ser como tu, mudar a vida dos outros e ainda conseguir chegar ao fim do dia com um sorriso nos lábios e uma palavra doce.
És a melhor mãe do mundo, porque me incentivaste a ser eu própria, porque me obrigaste a exceder as minhas capacidades, porque quiseste sempre o melhor para mim.
És a melhor mãe do mundo porque o teu amor sempre foi incondicional e sem contrapartidas, é esse o significado da palavra mãe, pelo menos para mim, amar sem querer nada em troca.
Moras no meu coração, e comove-me saber que te terei sempre aqui, serás sempre parte do meu passado, do meu presente e do meu futuro, porque és o meu farol, mesmo nas noites mais escuras consegues que encontre o meu rumo e por mais difícil que seja, dás-me ânimo para continuar.
Admiro esse teu sorriso largo e franco a que sempre me habituaste, essa tua alegria contagiante que a ninguém passa despercebida e o coração enorme que abraça o mundo.
Tenho pena de não ter o dom da palavra para te poder escrever o amor que tenho por ti, mas prometo que o farei de todas as formas que conheço, para que saibas sempre que te amo, que te amo com todas as forças, que te amo sem mas, nem porquês, porque simplesmente sou tua.
segunda-feira, 20 de outubro de 2008
Vidas perfeitas
Creio que nos dias que correm há demasiada preocupação com a perfeição.
O corpo, por exemplo, tem de estar sempre em forma, musculado e sem celulite, essa maldita. O rosto deve estar isento de rugas e aparentar de preferência menos 10 anos do que vem escrito no BI.
No trabalho temos de ser os melhores, os mais bem vestidos, os mais simpáticos, os que melhor trabalham em equipa, os que lideram, os que tomam a iniciativa, os mais produtivos, os que ficam até mais tarde e se possível, os mais baratos.
Em casa as casas de banho têm de estar impecavelmente brilhantes e cheirosas, o pó limpo, o chão aspirado, a roupa lavada e engomada, as camas feitas.
Se formos vistosos e bonitos chegaremos mais depressa à auto estrada do sucesso, os empregos são poucos pelo que é conveniente sermos os mais competentes, e nunca sabemos como voltamos para casa.
No meio desta busca pela perfeição esquecemos de atentar no que realmente é importante para nós enquanto indivíduos.
O "eu" deixou de estar no centro das nossas preocupações, mas sabemos o quanto é imprescindível "parecer" em vez de "ser". Os nossos sonhos e aspirações passaram a ter um lugar secundário , desde que a imagem que os outros têm de nós seja a certa para o mundo em que vivemos.
O corpo, por exemplo, tem de estar sempre em forma, musculado e sem celulite, essa maldita. O rosto deve estar isento de rugas e aparentar de preferência menos 10 anos do que vem escrito no BI.
No trabalho temos de ser os melhores, os mais bem vestidos, os mais simpáticos, os que melhor trabalham em equipa, os que lideram, os que tomam a iniciativa, os mais produtivos, os que ficam até mais tarde e se possível, os mais baratos.
Em casa as casas de banho têm de estar impecavelmente brilhantes e cheirosas, o pó limpo, o chão aspirado, a roupa lavada e engomada, as camas feitas.
Se formos vistosos e bonitos chegaremos mais depressa à auto estrada do sucesso, os empregos são poucos pelo que é conveniente sermos os mais competentes, e nunca sabemos como voltamos para casa.
No meio desta busca pela perfeição esquecemos de atentar no que realmente é importante para nós enquanto indivíduos.
O "eu" deixou de estar no centro das nossas preocupações, mas sabemos o quanto é imprescindível "parecer" em vez de "ser". Os nossos sonhos e aspirações passaram a ter um lugar secundário , desde que a imagem que os outros têm de nós seja a certa para o mundo em que vivemos.
sexta-feira, 3 de outubro de 2008
Aqui te Amo (Pablo Neruda)
Houve alturas em que me dedicaram poemas, o Pablo dedicou-me este a mim, por interposta pessoa claro está, mas ainda assim o sinto muito meu, e como hoje não estou inspirada aqui fica:
"Nos escuros pinheiros se desenlaça o vento.
Fosforesce a lua sobre as águas errantes.
Andam dias iguais a perseguir-se.
Define-se a névoa em dançantes figuras.
Uma gaivota de prata se desprende do ocaso.
As vezes uma vela. Altas, altas, estrelas.
Ou a cruz negra de um barco.
Só.
As vezes amanheço, e minha alma está húmida.
Soa, ressoa o mar distante.
Isto é um porto.
Aqui te amo.
Aqui te amo e em vão te oculta o horizonte.
Estou a amar-te ainda entre estas frias coisas.
As vezes vão meus beijos nesses barcos solenes,
que correm pelo mar rumo a onde não chegam.
Já me creio esquecido como estas velha âncoras.
São mais tristes os portos ao atracar da tarde.
Cansa-se minha vida inutilmente faminta.
Eu amo o que não tenho. E tu estás tão distante.
Meu tédio mede forças com os lentos crepúsculos.
Mas a noite enche e começa a cantar-me.
A lua faz girar sua arruela de sonho.
Olham-me com teus olhos as estrelas maiores.
E como eu te amo, os pinheiros no vento,
querem cantar o teu nome, com suas folhas de cobre.
Aquí te amo."
"Nos escuros pinheiros se desenlaça o vento.
Fosforesce a lua sobre as águas errantes.
Andam dias iguais a perseguir-se.
Define-se a névoa em dançantes figuras.
Uma gaivota de prata se desprende do ocaso.
As vezes uma vela. Altas, altas, estrelas.
Ou a cruz negra de um barco.
Só.
As vezes amanheço, e minha alma está húmida.
Soa, ressoa o mar distante.
Isto é um porto.
Aqui te amo.
Aqui te amo e em vão te oculta o horizonte.
Estou a amar-te ainda entre estas frias coisas.
As vezes vão meus beijos nesses barcos solenes,
que correm pelo mar rumo a onde não chegam.
Já me creio esquecido como estas velha âncoras.
São mais tristes os portos ao atracar da tarde.
Cansa-se minha vida inutilmente faminta.
Eu amo o que não tenho. E tu estás tão distante.
Meu tédio mede forças com os lentos crepúsculos.
Mas a noite enche e começa a cantar-me.
A lua faz girar sua arruela de sonho.
Olham-me com teus olhos as estrelas maiores.
E como eu te amo, os pinheiros no vento,
querem cantar o teu nome, com suas folhas de cobre.
Aquí te amo."
quinta-feira, 2 de outubro de 2008
14 de Dezembro de 1997
Chamemos-lhe Paula.
Estávamos no decorrer da semana académica quando a Paula terminou o curso de Economia. Estava feliz e ao mesmo tempo apreensiva, o que seria a vida dela dali para a frente, o eterno dilema de um jovem licenciado em Portugal.
Será que vou arranjar um emprego que sirva a minha ambição? Será que vou arranjar um emprego aqui ou vou ter de ir para Angola onde o meu pai está há já 10 anos…
Estas e outras questões do género estavam a assolá-la quando naquele dia 13 de Dezembro saiu de casa para ir buscar uma amiga, iam festejar a fim do curso e o início de uma nova etapa da sua vida.
A amiga estava em pijama naquela noite fria de sexta-feira, dizia que não lhe apetecia muito sair mas ainda assim, a antecipação do arraial no ISCTE, da dança nas docas, do convívio com os amigos e o namorado, ajudaram a que se vestisse para a festa.
Foram as duas dançar até à meia noite no sitio onde a música mais lhes agradava, gostavam de musica latina e do calor da noite no Havana, beberam uma água das pedra cada uma, o álcool não lhe ajudava a noite, faziam-no sozinhas sem necessitar de estímulos externos.
O namorado da amiga chegou, e os amigos juntaram-se-lhes, estavam prontos para ir. A amiga e a Paula meteram-se no carro desta última. A caminho da Praça de Espanha atravessaram a Av. De Ceuta, ali bem perto da curva da Etar, deviam ir a 60 ou 70 km/h na faixa da esquerda. Falavam das esperanças que tinham no futuro, ou de outra coisa qualquer, (pouco importa), quando a amiga viu umas luzes no local errado, por instantes pensou que um dos carros que circulava em sentido contrário estava estranhamente em cima do separador central e disse: “OH!”
Depois…depois não teve tempo de pensar em mais nada, apenas sabe que ouviu o metal a amachucar porque o som que a acompanhou sempre que a cabeça descansava na almofada.
O carro que circulava na faixa contrária despistou-se, dizem que apanhou água, ela não se lembra de ter chovido naquela noite, galgou o separador central, a policia informou que primeiro tinha batido numa carrinha e só depois no Seat Ibiza em que a Paula e a amiga seguiam.
O automóvel ficou desfeito, o motor caiu e partiu o fémur esquerdo da amiga, na confusão o dedo indicador e o pulso da mão direita bateram algures entre o vidro ou a porta e ficaram também eles partidos, com o impacto a testa abriu um lenho e perdeu os sentidos. Quando a amiga recuperou olhou à volta, a Paula estava sentada no seu lugar, a cabeça encostada ao volante, tinha um ar tranquilo e sereno.
As dores estavam a começar, olhou para a perna e percebeu que estava partida, não que lhe doesse, mas porque estava inchada, sentia o sangue a escorrer pela cara, pensou que tinha partido os dentes, aqueles dentes que sempre achou eram o melhor da sua cara, contou-os com a língua, tinham-se safado, suspirou de alívio, mas olhou para a mão em sangue e assustou-se, tentou tirar o cinto mas não se conseguia mexer, tinha dores paralisantes na zona da barriga.
Alguém lhe perguntava o nome, os telefones para onde se devia contactar a informar do acidente e que os bombeiros estavam a caminho.
Aconteceu tudo muito rápido, para a tirarem foi preciso desencarcerar, ao mesmo tempo ouvia dizer que a Paula não estava a respirar, que era preciso ventilar.
Quando chegou ao hospital, sabia a Paula do outro lado da parede, ouvia o ventilador a ajudá-la a inspirar e a expirar, mas dores começaram a ser insuportáveis e quase não conseguia pensar.
Não sabe ao fim de quanto tempo foi transferida para outro hospital, nunca lhe disseram qual era o estado da Paula, sabia que não tinha morrido, nada mais, foi operada à perna, engessado o braço e a mão, cozida a testa. E para ela a Paula continuava apenas sem ter morrido.
Depois da operação a amiga exigiu conhecer o estado da Paula, estava em coma, com coágulo no cérebro, não sabiam o que lhe iria acontecer, não sabiam sequer se voltaria a acordar e ao acordar qual o seu estado.
Passaram 3 meses, a amiga estava de volta a casa, depois de um mês no hospital iria iniciar a fisioterapia para poder ganhar mobilidade, o joelho não dobrava, a perna não mexia, mas a Paula tinha acordado, e tinha chamado por ela, quis ir vê-la mas não deixaram, não ia ser bom para ninguém diziam os médicos, a Paula não reconhecia nem a mãe.
A amiga teve 1 ano em recuperação, mas conseguiu voltar a ter uma vida normal, voltou à faculdade, aos amigos, à rotina de sempre, a Paula ficou invisual, foi operada à cabeça para retirar o coágulo e meter um dreno, perdeu parte da memória.
A amiga durante 1 ano pensou em cada segundo do que se lembrava naquela noite fria de 13 de Dezembro, lembrou-se que já passava da meia noite e que portanto era já o dia de aniversário da sua bisavó, lembrou-se que não tinha sequer percebido o que lhe tinha acontecido antes de lhe dizerem que tinham tido um acidente, que tinham passado a fazer parte das estatísticas: feridos graves e ligeiros, poli-traumatizados, aquelas palavras a que já nos habituamos a ouvir nas notícias. Durante muito tempo culpou-se, não sabia bem porque razão, mas … porque tinha ela sido o “ferido ligeiro” e a Paula o “ferido grave”, porque não ao contrário?
Uma das perguntas que mais a perseguia era “Porquê ela e não eu?”, depois culpava-se pelos pensamentos que se seguiam à pergunta.
Quando lhe diziam que tinha tido muita sorte respondia invariavelmente que tinha tido muito azar, estava no local errado à hora errada.
Tentou a aproximação com uma Paula diferente daquela que conheceu durante 5 anos, mas de cada vez que olhava para ela sentia-se culpada, culpada de ter recuperado de um acidente que não provocou, e que em nada tinha contribuído. Criticava os amigos da Paula por se afastarem mas acabou por fazer o mesmo, não sabendo se pelas mesmas razões, mas fe-lo. Telefonava à Paula para saber como estava e terminava o telefonema com um nó na garganta, chorava.
Sempre que visitava a Paula sabia que não podia ir sozinha, porque não era suficientemente forte, sabia que acabaria por reviver os sons, os cheiros e as dores daquele dia, era sempre muito duro ver a Paula ou até falar com ela, o sentimento era tão intenso que lhe doía a presença da Paula, e foi-se afastando, e foi deixando que a Paula por sua vez se afastasse.
Sempre que penso na Paula dói-me o peito, pesa-me a consciência pelo muito que devia ter feito e o pouco que fiz, mas ainda hoje não consigo sequer pensar nela sem que me apeteça chorar ou morrer, por isso continuo sem me aproximar e a Paula não voltou a procurar-me, mantendo-se para sempre como um dos fantasmas que percorrem a vida a meu lado e me tornam mais forte, mais eu, consciente de que nem sempre fazemos as escolhas certas aos olhos do mundo, mas antes as escolhas que nos são mais fáceis, ou que tornam o nosso mundo mais suportável.
Estávamos no decorrer da semana académica quando a Paula terminou o curso de Economia. Estava feliz e ao mesmo tempo apreensiva, o que seria a vida dela dali para a frente, o eterno dilema de um jovem licenciado em Portugal.
Será que vou arranjar um emprego que sirva a minha ambição? Será que vou arranjar um emprego aqui ou vou ter de ir para Angola onde o meu pai está há já 10 anos…
Estas e outras questões do género estavam a assolá-la quando naquele dia 13 de Dezembro saiu de casa para ir buscar uma amiga, iam festejar a fim do curso e o início de uma nova etapa da sua vida.
A amiga estava em pijama naquela noite fria de sexta-feira, dizia que não lhe apetecia muito sair mas ainda assim, a antecipação do arraial no ISCTE, da dança nas docas, do convívio com os amigos e o namorado, ajudaram a que se vestisse para a festa.
Foram as duas dançar até à meia noite no sitio onde a música mais lhes agradava, gostavam de musica latina e do calor da noite no Havana, beberam uma água das pedra cada uma, o álcool não lhe ajudava a noite, faziam-no sozinhas sem necessitar de estímulos externos.
O namorado da amiga chegou, e os amigos juntaram-se-lhes, estavam prontos para ir. A amiga e a Paula meteram-se no carro desta última. A caminho da Praça de Espanha atravessaram a Av. De Ceuta, ali bem perto da curva da Etar, deviam ir a 60 ou 70 km/h na faixa da esquerda. Falavam das esperanças que tinham no futuro, ou de outra coisa qualquer, (pouco importa), quando a amiga viu umas luzes no local errado, por instantes pensou que um dos carros que circulava em sentido contrário estava estranhamente em cima do separador central e disse: “OH!”
Depois…depois não teve tempo de pensar em mais nada, apenas sabe que ouviu o metal a amachucar porque o som que a acompanhou sempre que a cabeça descansava na almofada.
O carro que circulava na faixa contrária despistou-se, dizem que apanhou água, ela não se lembra de ter chovido naquela noite, galgou o separador central, a policia informou que primeiro tinha batido numa carrinha e só depois no Seat Ibiza em que a Paula e a amiga seguiam.
O automóvel ficou desfeito, o motor caiu e partiu o fémur esquerdo da amiga, na confusão o dedo indicador e o pulso da mão direita bateram algures entre o vidro ou a porta e ficaram também eles partidos, com o impacto a testa abriu um lenho e perdeu os sentidos. Quando a amiga recuperou olhou à volta, a Paula estava sentada no seu lugar, a cabeça encostada ao volante, tinha um ar tranquilo e sereno.
As dores estavam a começar, olhou para a perna e percebeu que estava partida, não que lhe doesse, mas porque estava inchada, sentia o sangue a escorrer pela cara, pensou que tinha partido os dentes, aqueles dentes que sempre achou eram o melhor da sua cara, contou-os com a língua, tinham-se safado, suspirou de alívio, mas olhou para a mão em sangue e assustou-se, tentou tirar o cinto mas não se conseguia mexer, tinha dores paralisantes na zona da barriga.
Alguém lhe perguntava o nome, os telefones para onde se devia contactar a informar do acidente e que os bombeiros estavam a caminho.
Aconteceu tudo muito rápido, para a tirarem foi preciso desencarcerar, ao mesmo tempo ouvia dizer que a Paula não estava a respirar, que era preciso ventilar.
Quando chegou ao hospital, sabia a Paula do outro lado da parede, ouvia o ventilador a ajudá-la a inspirar e a expirar, mas dores começaram a ser insuportáveis e quase não conseguia pensar.
Não sabe ao fim de quanto tempo foi transferida para outro hospital, nunca lhe disseram qual era o estado da Paula, sabia que não tinha morrido, nada mais, foi operada à perna, engessado o braço e a mão, cozida a testa. E para ela a Paula continuava apenas sem ter morrido.
Depois da operação a amiga exigiu conhecer o estado da Paula, estava em coma, com coágulo no cérebro, não sabiam o que lhe iria acontecer, não sabiam sequer se voltaria a acordar e ao acordar qual o seu estado.
Passaram 3 meses, a amiga estava de volta a casa, depois de um mês no hospital iria iniciar a fisioterapia para poder ganhar mobilidade, o joelho não dobrava, a perna não mexia, mas a Paula tinha acordado, e tinha chamado por ela, quis ir vê-la mas não deixaram, não ia ser bom para ninguém diziam os médicos, a Paula não reconhecia nem a mãe.
A amiga teve 1 ano em recuperação, mas conseguiu voltar a ter uma vida normal, voltou à faculdade, aos amigos, à rotina de sempre, a Paula ficou invisual, foi operada à cabeça para retirar o coágulo e meter um dreno, perdeu parte da memória.
A amiga durante 1 ano pensou em cada segundo do que se lembrava naquela noite fria de 13 de Dezembro, lembrou-se que já passava da meia noite e que portanto era já o dia de aniversário da sua bisavó, lembrou-se que não tinha sequer percebido o que lhe tinha acontecido antes de lhe dizerem que tinham tido um acidente, que tinham passado a fazer parte das estatísticas: feridos graves e ligeiros, poli-traumatizados, aquelas palavras a que já nos habituamos a ouvir nas notícias. Durante muito tempo culpou-se, não sabia bem porque razão, mas … porque tinha ela sido o “ferido ligeiro” e a Paula o “ferido grave”, porque não ao contrário?
Uma das perguntas que mais a perseguia era “Porquê ela e não eu?”, depois culpava-se pelos pensamentos que se seguiam à pergunta.
Quando lhe diziam que tinha tido muita sorte respondia invariavelmente que tinha tido muito azar, estava no local errado à hora errada.
Tentou a aproximação com uma Paula diferente daquela que conheceu durante 5 anos, mas de cada vez que olhava para ela sentia-se culpada, culpada de ter recuperado de um acidente que não provocou, e que em nada tinha contribuído. Criticava os amigos da Paula por se afastarem mas acabou por fazer o mesmo, não sabendo se pelas mesmas razões, mas fe-lo. Telefonava à Paula para saber como estava e terminava o telefonema com um nó na garganta, chorava.
Sempre que visitava a Paula sabia que não podia ir sozinha, porque não era suficientemente forte, sabia que acabaria por reviver os sons, os cheiros e as dores daquele dia, era sempre muito duro ver a Paula ou até falar com ela, o sentimento era tão intenso que lhe doía a presença da Paula, e foi-se afastando, e foi deixando que a Paula por sua vez se afastasse.
Sempre que penso na Paula dói-me o peito, pesa-me a consciência pelo muito que devia ter feito e o pouco que fiz, mas ainda hoje não consigo sequer pensar nela sem que me apeteça chorar ou morrer, por isso continuo sem me aproximar e a Paula não voltou a procurar-me, mantendo-se para sempre como um dos fantasmas que percorrem a vida a meu lado e me tornam mais forte, mais eu, consciente de que nem sempre fazemos as escolhas certas aos olhos do mundo, mas antes as escolhas que nos são mais fáceis, ou que tornam o nosso mundo mais suportável.
Ferida Aberta
Levaste me à loucura da paixão desmedida, do desejo intenso, em que o sexo era o lema das noites e a ansiedade de te encontrar de novo a rotina dos meus dias.
Foram meses de uma ferida aberta, sem vontade de cauterizar, deste-me tudo o que não te pedi e deixaste-me sem vida quando me deixaste, sem palavras nem desenganos.
Ainda assim esperei por ti, durante 4 longos anos, em que me tiveste sempre que querias ou te sentias sozinho, em que uma palavra tua bastava para que largasse o meu mundo e me escondesse em ti, sabendo que nada mudava ainda que me amasses perdidamente nas camas dos quartos de hotel onde secretamente nos encontrávamos.
Sempre que te via achava que a vida sem ti não fazia sentido. Nada havia além dos teus olhos verdes, inflamados de paixão, da tua boca que me beijava sem eu querer, porque perdia a força nos teus beijos. Nada havia além das tuas mãos enormes onde a minha pele se arrepiava a cada toque, nem para lá do teu cheiro que teimava em não me largar a cada adeus, ou do estremecer do corpo depois de ser tua.
Derrubas-te o muro que erguia contra o mundo, a máscara que usava para me proteger, com medo de me magoar, e acabaste por ser tu a minha relação perigosa, sabias onde tocar, sabias o que dizer sempre que me querias de volta, e embora eu quisesse lutar sabia que contra ti não tinha forças, porque eras a minha fraqueza, uma fraqueza que soube combater no dia em que encontrei o amor.
Foram meses de uma ferida aberta, sem vontade de cauterizar, deste-me tudo o que não te pedi e deixaste-me sem vida quando me deixaste, sem palavras nem desenganos.
Ainda assim esperei por ti, durante 4 longos anos, em que me tiveste sempre que querias ou te sentias sozinho, em que uma palavra tua bastava para que largasse o meu mundo e me escondesse em ti, sabendo que nada mudava ainda que me amasses perdidamente nas camas dos quartos de hotel onde secretamente nos encontrávamos.
Sempre que te via achava que a vida sem ti não fazia sentido. Nada havia além dos teus olhos verdes, inflamados de paixão, da tua boca que me beijava sem eu querer, porque perdia a força nos teus beijos. Nada havia além das tuas mãos enormes onde a minha pele se arrepiava a cada toque, nem para lá do teu cheiro que teimava em não me largar a cada adeus, ou do estremecer do corpo depois de ser tua.
Derrubas-te o muro que erguia contra o mundo, a máscara que usava para me proteger, com medo de me magoar, e acabaste por ser tu a minha relação perigosa, sabias onde tocar, sabias o que dizer sempre que me querias de volta, e embora eu quisesse lutar sabia que contra ti não tinha forças, porque eras a minha fraqueza, uma fraqueza que soube combater no dia em que encontrei o amor.
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