segunda-feira, 27 de julho de 2009

O livro do mês

"Quando entrei no meu quarto, vi Anika sentada na minha cama. Tranquilizei-a, prometendo que ficaria atento a ruídos estranhos. Ela levou o dedo à testa:

- Os meus medos estão aqui dentro. Não consigo dormir...

Fiz um ar compreensivo. Ela perguntou:

- Incomoda-o que eu durma aqui ao pé de si?

O meu coração acelerou.Na luz ténue que existia no quarto, escapou-me um sorriso, imperceptível para Anika.

- Bem - disse -, acho que a cama é suficientemente larga para os dois. Se só te tranquilizas assim...

Anika meteu-se de imediato na cama e perguntou:

- Qual é o seu lado?

- O esquerdo.

Chegou-se para o lado direito, puxando para cima o lençol. Depois de despir o casaco e as calças, deitei-me. Os nossos corpos não se tocavam, mas senti imediatamente o calor que emanava do seu. Respirei fundo. Não iriam ser noites fáceis. Dormir ao lado daquela beldade só para lhe acalmar os medos iria ser uma tortura.

Uns minutos depois, Anika virou-se para mim.

- Jack?

- Sim.

-Posso encostar a cabeça no seu ombro?

Fechei os olhos.

- Claro.

Aproximou o seu corpo. Levantei o meu braço direito, para que ela pudesse colocar a cabeça no meu ombro. Ao fazê-lo, o seu peito tocou-me nas costelas, e engoli em seco. Era redondo, cheio, rijo. Lá em baixo, senti os primeiros movimentos de excitação. Comecei a fazer-lhe festas no cabelo e depois na nuca. Senti a sua pele quente nos dedos. Ela suspirou e aninhou-se mais em mim, a sua barriga contra a minha anca, a sua perna direita pousando um pouco sobre a minha. Os meus dedos desceram para o seu pescoço, as unhas passando sobre a pele, procurando o nascer das costas. Anika voltou a suspirar. Engoli em seco. Não queria fazer nenhum movimento que fosse mal interpretado. Não queria ter a iniciativa. ela deve ter percebido, pois de repente mexeu-se e a sua mão direita tocou-me entre as pernas. Sentiu o meu desejo, mas não ficou. Subiu a mão até à testa , e puxou para trás o cabelo como se se penteasse. Depois, voltou a descer a mão, mais lentamente, arrastando-a ao longo do meu peito, da minha barriga, e pousou-a em cima do meu desejo, por uns instantes, como se aguardasse um incentivo. Como eu não disse nada, retirou a mão. Fiquei a respirar, sem dizer nada.

Uns minutos depois voltou a pousar a mão sobre mim. Sentindo o meu desejo vivo e forte, desapertou os botões das calças do pijama, um a um, e as suas mãos quentes tocaram-me. Fechei os olhos, ondas de prazer a subirem por mim a cima.

Ouvi a sua voz:

- Toca-me.

Os dedos da minha mão esquerda tocaram-lhe. Primeiro nos contornos da cara, depois no pescoço, no nascer dos ombros e por fim nos peitos. desapertei os botões da camisa de noite e depois ela tirou-a. Beijámo-nos. Puxei-a para cima de mim, e encaixámo-nos um no outro com suavidade. amei-a horas a fio, até ao dia nascer."



Enquanto Salazar Dormia...

Domingos Amaral

4 comentários:

Bernardo Lupi disse...

Adorei este trecho. Já estive prestes a comprar este livro mas parece que deste o empurrão que faltava...

LBJ disse...

Já vi porque é que ficaste tão impressionada com o livro, deixaste-me tentado :)

Cem disse...

Após uns meses "renitente" à ideia de ler "algo" com o título de "Já ninguém morre de amor", fui surpreendida com uma escrita fluída, aparentemente simples e tão própria...

Com uma escrita de alma e corpo, Domingos Amaral é português e é tããão bom!
:)

Beijoka

Isabel Rodrigues disse...

Realmente fiquei curiosa...
Nunca li nada desse autor. Talvez leia agora.